Conservatório comemora 500 anos de Camões com conferência e música

No dia 29 de maio, pelas 11h00, o Conservatório – Escola das Artes da Madeira, Eng.º Luiz Peter Clode, irá celebrar o quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, com um evento no Salão Nobre. Reconhecida também pela sua dedicação à preservação da cultura e tradição, a instituição unir-se-á com entusiasmo e reverência às comemorações do nascimento deste poeta, com uma programação especial. O evento contará com a conferência ‘Imagens de mulher na lírica tradicional camoniana’, por Maria Teresa Nascimento, presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira e investigadora do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, abrilhantada por momentos musicais, por alunos de canto do Conservatório, sob orientação do professor Alberto Sousa.

Este evento pretende, sobretudo, celebrar a herança cultural portuguesa, que transcende fronteiras, enriquecendo o entendimento da influência de Luís de Camões tanto na lírica como na música. Será uma interação que enaltece o património literário e musical lusófono, fortalecendo e perpetuando o legado que este grande poeta nos deixou, já que muitas vezes, Camões incorporou referências musicais nos seus poemas. Deste modo, o Conservatório pretende proporcionar uma experiência enriquecedora, permitindo aos participantes apreciar a beleza da poesia camoniana, num formato artístico diferente.

A lírica camoniana, caraterizada pela profunda sensibilidade e riqueza de linguagem, que combinam a tradição clássica com as experiências pessoais do poeta, será apresentada por alunos de canto, com 3 Redondilhas de Camões, musicadas por Croner de Vasconcellos, compositor neoclássico português:

  1. Descalça vai para a fonte – retrata a fragilidade e delicadeza de Leonor ao ir à fonte buscar água, já que “descalça”, neste contexto, significa frágil.
  2. Pus meus olhos numa funda – significa que o autor fixou o seu olhar com grande intensidade ou paixão. É uma maneira poética de descrever um olhar profundo e concentrado.
  3. Na fonte está Leonor – descreve a angústia e a saudade que Leonor sente, e como ela canta suspiros em vez de palavras.

Luís de Camões, figura central na literatura portuguesa e cuja obra influenciou profundamente a cultura lusófona, nasceu por volta de 1524, embora a data exata seja incerta. Viveu num período de grandes transformações, marcado pelas descobertas marítimas e pela expansão do império português. Essas experiências refletiram-se na sua obra mais conhecida, “Os Lusíadas”, que celebra os feitos dos navegadores portugueses, especialmente a viagem de Vasco da Gama à Índia. Publicada em 1572, é considerada um dos maiores épicos da literatura ocidental, combinando elementos históricos e mitológicos para narrar as aventuras dos portugueses nos mares desconhecidos.

 Nota biográfica de Maria Teresa Nascimento:

Maria Teresa Nascimento é Investigadora do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, onde coordena a linha de investigação sobre os Comentários de Camões.

É Professora na Universidade da Madeira, Diretora do Mestrado em Gestão Cultural

Diretora do Doutoramento em Ilhas Atlânticas: História, Património e Quadro Jurídico Institucional e Presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Artes e Humanidades

Das suas publicações, com enfoque em Camões, Agustina Bessa-Luís, na Literatura de Viagem e na Literatura em Diálogo, destaca-se:

O Diálogo na literatura portuguesa. Renascimento e Maneirismo, Coimbra, Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, 2011.

OS LUZIADAS de Luis de Camões princepe dos poetas heroicos comentados por o P. D. Marcos, ALMEIDA, Isabel (coord. e comentário), transcrição de textos de Filipa Medeiros, Marcelo Vieira, Manuel Ferro e Maria Teresa Nascimento, Coimbra, Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos 2014.

Insulana de Manoel Tomás, edição atualizada e anotada. Funchal.pt.2023

Insulana de Manoel Tomás, edição revista e aumentada, Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, Coimbra, 2024

 Nota biográfica de Alberto Sousa

Alberto Sousa nasceu na Madeira, licenciou-se em Ensino do Canto na Universidade de Aveiro com António Salgado e concluiu o mestrado na Ópera Guildhall School of Music and Drama, com Laura Sarti. 

Durante os 12 anos que viveu em Londres, cantou mais de 40 papéis principais em óperas como La Boheme, Rigoletto, Barbeiro de Sevilha e Faust. O seu repertório sacro inclui os Requiem de Mozart, Salieri e Verdi,  Stabat Mater e Petite Messe Solennelle de Rossini, Messa di Gloria de Puccini e Missa Solemnis de Beethoven, entre muitos outros. 

Os projetos internacionais em que participou, incluem uma tournée de Bel Canto no Japão, uma tourneé europeia de “Orlando Paladino” (Haydn), o Requiem de Mozart no Gran Teatre del Liceu e o papel principal Ópera “The Nose” (Schostakovich) na Royal Opera House.

Em Portugal, destacam-se uma tournée com o Coro de Câmara da Madeira com a Petite Messe Solennelle (Rossini), a estreia moderna do Te Deum (G. Totti) com o Coro do Teatro de S. Carlos e a OSP, o papel Griolet na “La Fille du Tambour Major” (Offenbach) nos 125 anos do Teatro S. Luiz, e uma tournée nacional com a Ópera “Fantasma de Ópera” (A. L. Webber).

Projectos recentes incluem o papel de Edmondo na “Manon Lescaut” (Puccini) no Dorset Opera Festival, os papéis de tenor na “A Hand of Bridge” (Barber) e “Labyrinth” (Menotti) no OperaFest Lisboa, e a gravação para a Naxos da ópera “Lo Frate ‘nnamorato” (Pergolesi) com os Músicos do Tejo.

Em 2020 regressou à Madeira e ensina canto no Conservatório – Escola das Artes da Madeira. Em 2023, concluiu a pós-graduação em Pedagogia e Tecnologia da Voz da UNED.