Conservatório apresenta concerto de Tiago Matias dedicado à música de António Marques Lésbio

O Conservatório – Escola das Artes da Madeira, Eng. Luiz Peter Clode apresenta o guitarrista Tiago Matias em concerto, no próximo dia 9 de julho, às 16h, no Salão Nobre da instituição. Intitulado “Sombras – A Música para Guitarra Barroca de António Marques Lésbio (1639-1709)”, o programa reúne obras compostas para viola (guitarra barroca) por António Marques Lésbio, compositor do período barroco português.  O concerto resulta de uma investigação desenvolvida por Tiago Matias sobre a vida e a obra de Lésbio, que levou à realização de um disco, de um livro e da presente digressão de apresentação. A entrada é livre, estando sujeita à lotação da sala.

“‘Sombras’ reúne o repertório para viola (guitarra barroca) de António Marques Lésbio (1639-1709), um dos mais destacados compositores portugueses do período barroco. O trabalho resulta da investigação realizada pelo guitarrista Tiago Matias em torno da vida e obra do compositor. Conheciam-se até ao momento 19 obras de Lésbio, essencialmente vilancicos e tonos, todas de enorme qualidade e muito representativas da produção musical dos séculos XVII e XVIII em Portugal. Com a atribuição destas novas 14 obras para viola – ou guitarra barroca – a António Marques Lésbio, o catálogo do compositor cresce em dimensão e qualidade, reforçando o seu estatuto como um dos nomes maiores da cultura barroca portuguesa. 

As 14 obras para viola (guitarra barroca) agora transcritas e gravadas em primeira audição moderna são provenientes dos três códices portugueses setecentistas com música para o instrumento. A maior parte deste corpus faz parte do Cifras de Viola, o Manuscrito Musical 97 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. No Livro de Guitarra do Conde do Redondo, um manuscrito mais tardio, identificamos a Fantezia no 8º tom. Num terceiro manuscrito, à guarda da Fundação Calouste Gulbenkian, encontramos a Fantesia de Ant.[onio] Marques tocador da Capella Real, que originou a investigação em torno do compositor e que resulta neste disco, livro e digressão de apresentação dos mesmos.”

Sobre António Marques Lésbio:

António Marques Lésbio nasceu em Lisboa em 1639. A sua ligação à corte portuguesa e às suas instituições musicais foi uma constante ao longo de toda a sua vida. Com 9 anos de idade foi admitido entre os moços da Capela Real, tendo entrado como músico da Real Câmara alguns anos mais tarde, ainda no reinado de D. João IV. Em 1668, já com D. Pedro II, é nomeado mestre dos músicos da Real Câmara. A partir de 1679 a sua vida passa a estar intrinsecamente ligada à Capela Real, onde ocupou diversos cargos, como cantor, mestre dos moços de coro da Capela Real (1679), escrivão de contos (1680) e bibliotecário da Real Biblioteca de Música (1692). Em 1698, com 59 anos de idade, é nomeado Mestre da Capela Real, cargo que ocupou até à sua morte, em 1709.  

António Marques adotou o título de “Lésbio” numa alusão à ilha grega de Lesbos, no mar Egeu, onde se crê que teve origem a poesia lírica, sendo pátria de nomes maiores da poesia grega como Alceu e Safo, entre outros. Além de músico e compositor, António Marques Lésbio era também poeta.

Nota Biográfica de Tiago Matias:

Natural de Aveiro, Tiago Matias finalizou em 2002 o Curso Complementar de Guitarra Clássica no Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian, obtendo a classificação de 20 valores no exame final de guitarra. Concluiu em 2005 a licenciatura em Guitarra na Escola Superior de Música de Lisboa. Foi galardoado em vários concursos de guitarra, destacando-se entre eles o 1º prémio no “Música en Compostela” (Santiago de Compostela, 2004) e o 3º prémio no Concurso Legato (Porto, 2000).

Colabora regularmente com os agrupamentos “Orquestra Sinfónica Portuguesa”, “Ludovice Ensemble”, “Segréis de Lisboa”, “Sete Lágrimas”, “Orquestra Barroca da Casa da Música” e “Divino Sospiro”, entre outros.

Gravou 18 discos com alguns destes grupos e tocou nas melhores salas de concerto e festivais de música na Europa e Ásia. Em 2012, com Filipe Faria, fundou o ensemble de música antiga “Noa Noa”, com o qual edita 4 discos.

Em 2021 gravou e editou o primeiro disco a solo, “Cifras de Viola”, com obras inéditas portuguesas para viola, ou guitarra barroca.  O disco foi um dos 4 nomeados para os Prémios Play na categoria de melhor álbum de música clássica/erudita nesse ano. Em 2023 gravou e editou “Sospiro”, para viola de mão (vihuela), com transcrições e arranjos de música renascentista portuguesa. No mesmo ano edita o livro homónimo com as tablaturas e partituras das obras gravadas em disco. “Fantasia”, composto por música contemporânea para tiorba solo a si dedicada composta por 5 compositores portugueses é editado em 2024. A música gravada é editada em livro no mesmo ano. “Fantasia” é a primeira gravação a nível mundial integralmente composta por música contemporânea para tiorba solo. Ainda em 2024, edita “Cordovil”, o 4º disco a solo, dedicado à obra integral de José Ferreira Cordovil (c. 1687-1761) para guitarra barroca, naquela que é a primeira gravação mundial deste repertório. Paralelamente com o disco edita o livro com as transcrições do repertório gravado. “Sombras” – dedicado à obra integral inédita para guitarra barroca de António Marques Lésbio (1639-1709) – é editado em disco e livro em 2025.

Como pedagogo, orientou masterclasses de alaúde e guitarra. Leccionou as mesmas disciplinas no Conservatório de Música de Aveiro Calouste Gulbenkian e Conservatório Nacional (Lisboa). Foi director do Quartel das Artes (Oliveira do Bairro) entre 2018 e 2024. É investigador do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos e doutorando em Estudos Artísticos na Universidade de Coimbra.