Deixamos aqui um bom motivo para visitar a Loja do Conservatório:
A ideia de publicar um livro com música litúrgica original da Madeira surgiu após anos de participação em celebrações religiosas na ilha. As festas paroquiais proporcionavam momentos enriquecedores, tanto musical quanto socialmente, destacando-se pelo acolhimento das comunidades e pela colaboração entre músicos e cantores. A instrumentação variava, mas o organista desempenhava um papel central na escolha e execução do repertório.
O projeto tomou forma em 2002, ao entrar em contato com Germano Gomes, organista e compositor. Inicialmente planejado como uma monografia de músicas litúrgicas diversas, o livro passou a ser exclusivamente dedicado às composições do Sr. Germano, dado o volume e a qualidade do seu trabalho. Após sua inesperada morte em 2004, o projeto consolidou-se como um registo definitivo da sua obra.
A coletânea inclui 55 peças, organizadas conforme a estrutura da celebração eucarística, abrangendo ritos iniciais, liturgia da palavra, liturgia eucarística e ritos finais. Além disso, reúne hinos dedicados a padroeiros e celebrações especiais. As músicas foram transcritas e adaptadas para diferentes formações instrumentais e vocais, preservando a identidade melódica e harmónica do compositor. Destaque especial é dado a três obras: as missas em honra de Santo António e de Jesus Infante, esta última já editada pelo Conservatório da Madeira, e o Ave Verum, peça de grande valor musical e expressivo. O livro visa preservar e divulgar a contribuição de Germano Gomes para a música litúrgica madeirense, garantindo que suas composições continuem a ser executadas no contexto religioso.
Germano Gomes (1931-2004) nasceu a 25 de julho de 1931 na freguesia da Serra de Água, Madeira. Desde cedo demonstrou talento musical, iniciando os estudos de piano com João Albino, mas tornou-se autodidata. Aos 18 anos, formou um coro e tocou sua primeira missa. Apesar de sua paixão pela música, seguiu carreira nos CTT a partir de 1957, onde também dirigiu o coro do CDCR. Paralelamente, dedicou-se à música sacra, sendo organista e dirigente de vários coros paroquiais no Funchal. Começou a compor em 1956, criando diversas obras litúrgicas. Destacam-se sua missa em latim nos anos 70, a Missa em Honra de Santo António (1999) e o “Ave Verum”, composto em memória de seu filho Duarte.
Faleceu a 2 de agosto de 2004, deixando um legado significativo na música litúrgica madeirense.